28 de julho de 1914 – O Império Austro-Hungaro declara guerra à Sérvia
31 de julho de 1914 – A Rússia se mobiliza contra a Áustria-Hungria e Alemanha
1º de agosto de 1914 – A Alemanha ordena mobilização geral e declara guerra à Rússia; a França ordena mobilização geral
2 de agosto de 1914 – A Itália declara neutralidade
3 de agosto de 1914 – A Alemanha declara guerra à França
4 de agosto de 1914 – A Alemanha invade a Bélgica; a Grã-Bretanha declara guerra à Alemanha
6 de agosto de 1914 – O Império Austro-Húngaro declara guerra à Rússia
A velocidade era um atributo essencial para o começo da guerra, por isso, quem conseguisse mobilizar suas forças o mais rápido possível e enviá-las para o campo de batalha, tinha uma grande vantagem inicial. Todas as nações tinha planos prévios para a mobilização, e para a guerra, a Alemanha em especial tinha o Plano Schlieffen, criado em 1905, este plano previa uma ambiciosa invasão a França através da Holanda, mobilizando um número de divisões que sequer existiam em 1914. Muito se fala sobre esse plano, alguns dizem que ele foi criado para explicar o fracasso no Marne, outros que era um plano ambicioso de negociação de verbas para as forças armadas. De fato, o plano não foi seguido à risca, os alemães decidiram invadir pela Bélgica, em parte porque temiam que os portos holandeses fossem fechados pelos ingleses, grande parte da produção alemã era escoada por este país. Lembro que as potências centrais (Alemanha e Áustri-Hungria) tinham uma grande desvantagem econômica e populacional frente as nações da Entente. (Ver gráfico abaixo)
Entre 05 e 16 de agosto, os alemães prosseguem sua invasão à Bélgica com 5 exércitos, o 1º exército era o maior, com 320 mil homens e o 2º tinha por volta de 280 mil. A resistência dos belgas com 70 mil homens em Liège atrasou a ofensiva alemã em dois dias, e talvez tenha irritado os combatentes alemães, que esperavam passar pela região sem resistência. Talvez por isso, nas primeiras semanas de invasão 6500 cidadãos belgas foram mortos indiscriminadamente pelos alemães, causando preocupação até mesmo no alto comando alemão, pois reforçava o ar de brutalidade alemã, o que prejudicava sua imagem mundial.
As Batalhas das Fronteiras
Os alemães prosseguem para invadir a França duas semanas e meia depois de invadirem a Bélgica. Os franceses por sua vez, estimaram erroneamente as forças alemãs, que naquele momento representava 1,5 milhão de homens, representando 76 divisões (os franceses esperavam 40-44 divisões). Os franceses tinham um plano prévio de guerra – o Plano XVII – que previa o avanço pela floresta de Ardenas, sul da Bélgica, local onde esperavam pela ofensiva alemã. Essa mudança de rumo dos alemães confundia os franceses, mas o comandante francês Joseph Joffre manteve sua política de ofensiva e iniciou o Plano XVII com 1 milhão de homens. A ideia dos franceses era recuperar a Alsacia-Lorena, perdida em 1871 para os alemães, essa ofensiva prevista no Plano XVII ficou conhecida como as Batalhas das Fronteiras, que incluíam quatro grandes combates – Lorena (14 a 25 de agosto), Ardenas (21 a 23 de agosto), Charletoi (21 a 23 de agosto) e Mons (23 de agosto). Em Mons, foi a FEB (Força Expedicionário Britânica) que entrou em ação sob o comando do general sir John French, mas ao perceber a superioridade numérica alemã ele recuou, perdendo 1600 homens. As demais batalhas representaram grandes perdas para os franceses, com cerca de 260 mil baixas, entre 75 mil mortos, sendo que 27 mil morreram num único dia (22 de agosto). Os alemães também sofreram grandes perdas, estimadas em 210 mil baixas. A derrota dos franceses nas Batalhas das fronteiras, fez com que suas tropas recuassem para uma linha paralela ao rio Marne.
A Primeira Batalha do Marne (5 a 9 de setembro)
As derrotas inicias apavoraram os franceses, e também os britânicos, cujo general French propunha até mesmo retornar com a FEB para a Grã-Bretanha, sendo acalmado pelo secretário de guerra, lorde Kitchener. Os franceses passaram a utilizar suas reservas, mobilizando outros dois exércitos e programaram a transferência do governo de Paris para Bordeaux. Enquanto o 6º exército guarneceria Paris, o 9º se deslocaria para o sul do rio Marne sob o comando do general Ferdinand Foch. Por outro lado os alemães estavam entusiasmados, o comandante Moltke havia mandado 4 divisões para reforçar o front oriental da Prússia, que estava sendo atacado pelos russos e outras 7 divisões para pressionar os belgas na Antuérpia. Após pressionar a retirada de franceses e britânicos, Moltke solicitou que o general Kluck utilizasse os 1º e 2º exércitos para romper os exércitos de Joffre e Paris. Os alemães enfrentariam o 5º e o 9º exército francês comandados por Foch.
O avanço alemão começou no 36º dia desde a mobilização até a batalha decisiva em Paris, prevista para o 40º dia por Schlieffen. Se o cronograma se cumprisse, as tropas alemãs poderiam ser despachadas para o fronte leste, para enfrentar os russos. Moltke manteve seu plano e enviou o 1º exército comandado por Kluck e o 2º exército comandado por Bülow para pressionar os franceses até o rio Sena e de lá prosseguir rumo à Paris. Mas acontece que as linhas de suprimentos já estavam distantes (130km) e o envio de divisões para outras regiões, deixou os aliados (franceses e britânicos) com uma grande superioridade numérica. Enquanto Moltke deixava seus generais agirem livremente, Joffre, assumira o 6º exército francês e iniciara uma série de ofensivas programadas, assim como Foch que resistia ao avanço alemão. Para acelerar o envio de homens para esta ofensiva, e aproveitar a enorme “brecha” entre os 1º e 2º exército alemão, nós temos o lendário envio de soldados através dos táxis de Paris.
Desta maneira, o medo de terem suas linhas rompidas, fizera com que Büllow retornasse para suas posições no Marne em 9 de setembro, forçando o 1º exército de Kluck retornar também. No 40º dia da ofensiva, os alemães teriam uma grande derrota, Moltke ordenara um recuo para a linha do rio Aisne, onde os alemãs adotariam uma posição defensiva. Ambos os lados tiveram mais de 250 mil baixas, 80 mil mortos somente pelo lado da França. Moltke sofreu um colapso nervoso e foi afastado do comando, em seu lugar, assume Falkenhayn, mudança que só foi anunciada formalmente em 6 de novembro.
A Corrida para o mar
Os 5 exércitos alemães recuaram para o Aisne em apenas 5 dias, sofrendo um grande ataque aliado na Batalha do Aisne (entre 13 e 28 de setembro). O 7º exército alemão ficou entrincheirado no Aisne para reforçar as defesas do 1º e 2º exército alemães, mostrando para Joffre que não era possível tomar de assalto as terras ao norte do Aisne. A partir daí nós temos diversas manobras de flanqueamento entre ambos os exércitos, com o objetivo de enfraquecer as defesas. Esses movimentos sucessivos levaram a uma corrida para o mar, e uma linha de trincheiras se dirigia para o oeste da Bélgica em direção a Flanders. O rei Alberto da Bélgica já tinha evacuado a Antuérpia (6 a 10 de outubro) e recuava para o rio Yser junto ao 8º exército francês. Após a Batalha do Aisne, os aliados decidem posicionar as tropas inglesas ao lado dos Belgas, devido a facilidade de abastecê-las. Joffre coloca o francês Foch como comandante responsável por manter essa linha de comunicações com a França.
De 16 a 30 de outubro os belgas, britânicos e franceses resistem ao bombardeio alemão em Yser, assim como em Ypres, cidade belga do vale do rio Yser. O alagamento de Yser impediu o avanço e cerco alemão na região, enquanto eles atacavam Ypres com o 4º exército. A primeira batalha de Ypres ocorreu entre 25 de outubro e 13 de novembro, onde nós temos os ingleses tomando as colinas de Passchendaele, um terreno elevado que facilitava a defesa aos ataques alemães. O gasto de munições foi tão alto que Falkenhayn cessa os ataques, pois o estoque só duraria mais 6 dias se mantivessem aquele ritmo. Só nesse setor de Ypres, os alemães sofreram 135 mil baixas enquanto os aliados tiveral ao menos 125 mil. A linha de trincheiras no front ocidental estava formada.
O Front Oriental: a ofensiva contra a Sérvia
Nos Balcãs, nós temos a Áustria-Hungria tendo que dividir seu exército para invadir a Sérvia e se defender dos russos. A entrada da Rússia no conflito forçou a Áustria-Hungria a adotar seu Plano R (contra a Rússia) dividindo o alto comando entre Conrad, que comandaria as forças austro-húngaras contra os russos e Potiorek, responsável pelo front contra a Sérvia. Para o conflito contra os sérvios, Potiorek ficou responsável pelo 2º, 5º e 6º exércitos, num total de 320 mil homens. Os sérvios conseguiram mobilizar 300 mil homens, dois quais 185 mil estavam destinados à linha de frente. Montenegro também adicionaria por volta de 35 a 40 mil homens ao exército sérvio, cujo representante era o próprio Alexandre, príncipe-herdeiro de Montenegro. Além da superioridade numérica, os austro-húngaros contavam com uma grande vantagem na artilharia, eram 744 canhões contra 381.
Os austro-húngaros invadem a Sérvia em 12 de agosto, e por quatro meses vão ocorrer intensas batalhas de choque. Potiorek invadiu a Sérvia com 200 mil homens, e logo sofreu uma derrota na Batalha de Cer (16 a 19 de agosto) onde o comandante sérvio Putnik utilizou quase todo o seu exército. O recuo de Potiorek para a Bósnia fez com que Radomir Putnik (Chefe do Estado-Maior da Sérvia) iniciasse uma ofensiva em setembro, culminando na sua expulsão da região a partir da Batalha de Mackov Kamen (17 a 22 de setembro). Durante o mês de outubro, ambos os exércitos passaram a repor homens e munição. No começo de novembro, Potiorek cercaria a capital da Sérvia, Belgrado, com uma ofensiva por dois flancos, pensando estar sitiando definitivamente os sérvios. O exército Austro-Húngaro dominaria Belgrado em 2 de dezembro.
Os sérvios haviam recuado propositadamente, pois a cidade já havia sido evacuada previamente. Com uma grande remessa de armas e munição chegando da França, os sérvios puderam reorganizar um contra-ataque e em 15 de dezembro Potiorek se retirava da Sérvia. Essa derrota humilhante para a Áustria-Hungria fez com que Potiorek pedisse demissão. Essa campanha foi desastrosa para ambas as nações, já que os austro-húngaros sofreram 148 mil baixas enquanto os sérvios tiveram 113 mil, 2/3 de todo o seu exército.
O Front Oriental: Tannenberg e Lemberg
” Se Deus quiser, tudo dará certo, mas, mesmo que dê errado, vou até o fim.” Essas foram as palavras do imperador Francisco José para seu Chefe de Estado-Maior, Conrad. Ele iria se dirigir para o seu Quartel-General em Przemýsl, na Galícia. Naquela região, o exército austro-húngaro enviava a sua cavalaria Polônia adentro, para fazer um reconhecimento de grandes proporções por 145km adentro ao longo de 400km. O resultado foi catastrófico, diversos encontros com unidades russas de cavalaria desmontada e/ou entrincheirados levaram a diversas batalhas de choque, onde metade dos cavalos austro-húngaros foi perdido. A única batalha entre cavalarias ocorreu em 21 de agosto, onde a 10ª divisão de cavalaria russa enfrentou a 4ª divisão de cavalaria da Áustria-Hungria, sendo o maior embate entre cavalarias da guerra, sem nenhum resultado conclusivo.
A situação das potências centrais no front oriental não era positiva. Os austro-húngaros e alemães estavam com 46 divisões contra 74 dos russos. Percebendo a vantagem númerica, os russos iniciaram uma ofensiva total dividindo suas forças em duas frentes de batalha, com o 1º e 2º exército contra parte do 8º exército alemão e o restante destinados contra a Áustria-Hungria. Os russos foram pressionados pelos franceses pois no ocidente, os alemães pressionavam as forças francesas e inglesas. Os resultados ruins do comandante alemão Prittwitz em agosto fez com que Hindenburg fosse retirado da aposentadoria para comandar o front oriental em conjunto com Ludendorff, seu chefe de Estado-Maior. Para dar tempo aos alemães, Conrad inicia uma ofensiva contra os russos tendo resultados positivos na Batalha de Krasnik (23 a 26 de agosto) e Komarów(26 a 31 de agosto).
Hindenburg e Ludendorff vão contra-atacar os russos ainda em agosto. O 8º exército alemão fora reforçado e detinha 166 mil homens, já o 1º exército russo de Rennenkampf tinha 210 mil homens, enquanto o 2º exército russo de Samsonov, tinha 206 mil. Enquanto Rennenkampf avançava ao norte dos lagos Masurianos, Samsonov iria pelo sul, porém, ambos não se gostavam e não articularam seus movimentos, deixando uma brecha entre os dois exércitos. Além de se comunicarem pouco, os dois exércitos russos não criptografavam suas mensagens fazendo uso do rádio sem fio, os alemães interceptaram as mensagens prevendo as ações de ambos os exércitos. Sabendo que Sansonov enfrentava problemas de abastecimento e tinha se movimentado de forma mais lenta, os alemães concentraram seus esforços encurralando samsonov com pesadas cargas de artilharia, levando-o a capitulação do 2º exército russo em 30 de agosto em Tannenberg. Ah, Samsonov cometeu suicídio e Rennenkampf foi derrotado na Batalha dos Lagos Masurianos (9 a 14 de setembro).
Esperando uma ajuda que nunca iria chegar, Conrad enfrentava a perda da maior cidade da Galícia, Lemberg. Dentro da sua visão militar, os austro-húngaros deveriam manter a ofensiva enquanto as tropas estivessem dispostas, por isso, ele vai enviar o 3º exército austro-húngaro para retomar a cidade, daí nós temos a Batalha de Lemberg-Rawa Ruska (6 a 11 de setembro), que se revelou uma tragédia para a Áustria-Hungria, já que sua artilharia não foi o suficiente apoiar a infantaria que se viu presa em Godorok, a 55 km do QG de Przemýsl. Se a ajuda alemã e com seus 1º e 4º exércitos pressionados no leste da Galícia, Conrad decretou um recuo geral e transferiu seu QG para Nowy Sacz, 145km a oeste. Essa derrota, que vitimou até um dos seus filhos, abalou a confiança de Conrad. No começo da guerra Moltke avisou Conrad que ele deveria resistir por seis semanas até os alemães vencerem na França, a retirada geral aconteceu 3 dias depois do combinado (M+43) o fracasso de ambos deixava a Áustria-Hungria sem nenhum plano de vitória alternativo. Aliás, do total de homens nessa frente de combate (foram 800 mil) os austro-húngaros tiveram 470 mil baixas enquanto os russos tiveram 210 mil.
Após as vitórias dos alemães na Prússia oriental e a retirada austro-húngara do leste da Galícia, os combates continuam em toda frente de batalha do leste. Foram quatro contraofensivas das potências centrais, duas em Przemýsl e outras duas em Varsóvia. A primeira tentativa de tomar Varsóvia foi feita pelo 1º, 2º e 4º exércitos austro-húngaros e pelo recém criado 9º exército alemão contra o 2º, 5º e 9º exércitos russo, onde os russos conseguiram rechaçar as tentativas de avanço por duas vezes enquanto o 3º exército austro-húngaro perdia a fortaleza de Przemýsl após tê-la recapturado entre 11 de outubro e 6 de novembro. As derrotas em ambas as frentes de batalha irritava o alto comando alemão, que buscava colocar os austro-húngaros sob o comando de Hindenburg e Ludendorff, algo que Conrad não admitiu.
A Guerra se torna Mundial
Antes mesmo do conflito iniciar, o Império Otomano representava um papel importante tanto para a Entente quanto para a Aliança, seja pelo domínio do Mediterrâneo e do Mar Negro ou para a comunicação com as colônias europeias no oriente. Caso ficasse no lado da Aliança, o Império Otomano bloquearia as comunicações da Entente via estreito de Dardanelos e Bósforo, além de criar um front de combate adicional aos russos no Cáucaso, além de agitar o mundo muçulmano. A liderança otomana era pró-Alemanha, como o Enver Paxá, chefe do Estado-Maior e Ministro da Guerra. No início do conflito, os otomanos assinaram um acordo secreto com os alemães, em parte porque eles esperavam a encomenda de três encouraçados do Reino Unido, que logo em 3 de agosto já foram confiscados pelos próprios ingleses, que incorporaram esses navios a sua frota, mesmo eles já tendo sido pagos pelos otomanos. Em resposta, os otomanos aprisionaram dois cruzadores, um francês e outro britânico – estes cruzadores ficaram cercados e aportaram em Constantinopla.
No final de setembro os otomanos aceitaram a proposta de entrar na guerra ao lado das potências centrais, isso após receber 2 milhões de libras em ouro dos alemães. A partir daí eles bombardeiam portos russos – os mesmos declaram guerra ao Império Otomano em 2 de novembro seguida no dia 5 dos ingleses e franceses. Os otomanos liderados por Enver Paxá iniciaram uma extensa campanha no Cáucaso com 118 mil homens, contra uma resistência russa de 65 mil homens. O percurso frio e montanhoso dificultava o abastecimento otomano, além disso, os armênios decidiram apoiar os russos voluntariamente. Em 29 de dezembro os otomanos fracassam na tomada de Sarkamish. O contra-ataque russo forçam os otomanos a recuar para Erzerum colocando a guerra em solo otomano. A ajuda dos armênios vai transformá-los em bode espiatório para a derrota otomana, levando ao genocício armênio na guerra.
No pacífico, a guerra se amplifica com a entrada do Japão, que buscava controlar o Pacífico frente aos EUA. Desta maneira, o Japão declara guerra à Alemanha em 23 de agosto e invade possessões alemãs na China, como em Tsingtao. O almirante alemão Maximilian Von Spee tinha retirado sua esquadra da região, ele tinha dois dos melhores navios de guerra da Alemanha no Pacífico, o Scharnhost e o Gneiseau. Ele vai unir parte da sua esquadra na Ilha de Páscoa, e de lá, vai conseguir atacar os navios ingleses que estavam na costa chilena na Batalha de Coronel (1º de novembro). Buscando apoiar as ações alemãs no Atlântico, Spee vai se deparar com uma potente frota britânica nas Malvinas, sendo morto e perdendo seus navios mais poderosos em 8 de dezembro de 1914.
No continente africano, os alemães possuíam quatro colônias (Togo, Camarões, Namíbia e Tanzânia). A Alemanha sabia que não poderia vencer no continente africano, a vitória dos aliados dependeriam somente do quanto eles empregariam recursos para tal. Os alemães esperavam resistir a partir dos defensores locais. Assim, Togo foi conquistado no final de agosto, enquanto Camarões tinha sua capital tomada em 27 de setembro, restando alguns focos de resistência no interior. O sudoeste africano resistia com mais força, em parte devido ao compromisso da África do Sul (posse britânica) de invadir o Sudoeste Africano (atual Namíbia) sob o domínio alemão. Porém, uma rebelião africâner (resultado dos velhos boêres) inicia provocando uma guerra civil, que só foi vencida em fevereiro de 1915, permitindo que o exército partisse para a conquista do Sudoeste Africano. A África Oriental era a posse alemã mais bem preparada, graças ao comando do coronel Paul Lettow-Vorbeck, que organizou seu exército de 3 mil homens, resistindo as diversas investidas britânicas, como a da Batalha de Tanga (3 a 5 de novembro de 1914) onde ele derrotou um exército de 8 mil homens liderados pelo general Arthur Aiken. Essa derrota colocou toda a força africana britânica na defensiva até a derrota do Sudoeste africano.
Enfim, é Natal!
As chuvas congelantes de dezembro endureciam o solo e amenizavam o cheiro dos cadáveres em decomposição. Nesse período de estabilidade da frente de combate, surge entre as trincheiras, onde a proximidade permitia até que se escutassem conversas do outro lado, uma prática informal de cortesia do tipo – viva e deixe viver. Nesse período, vai surgir nos diversos frontes de batalha, manifestações de trégua durante o natal, levando a uma série de episódios que ficaram conhecidos como a “Trégua de Natal” no ano de 1914. Em Flanders, por exemplo, ingleses, franceses e alemães confraternizaram de diversas formas entre os dias 24 e 25 de dezembro daquele ano, desde cantorias até encontros na “terra de ninguém” com direito a troca de presentes e partidas de futebol. O evento aterrorizou tanto ambos os comandos, que a partir daí foram intensificados os bombardeios na época do natal.
REFERÊNCIAS
KEEGAN, John. História Ilustrada da Primeira Guerra Mundial. 1. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
SONDHAUS, Lawrence. A Primeira Guerra Mundial. 1. ed. São Paulo: Contexto, 2014.
WILLMOTT, H.P. Primeira Guerra Mundial. 1. ed. Lisboa: Texto & Grafia, 2008.