Conforme observamos no final de 1914, o fronte ocidental se estabilizou a partir do surgimento das linhas de trincheiras tanto pelos alemães quanto pelos aliados (franceses e ingleses). O plano de Joffre para os anos seguintes consistia em atacar os alemães primeiramente no norte, entrando na região de Champagne e depois rompendo as linhas alemãs entre Reims e a Floresta de Argonne. Britânicos e franceses seguiriam para o leste rompendo as linhas alemãs no setor de Artois e depois expulsando os alemães da França. Essa ofensiva já havia começado no final de dezembro, quando os franceses iniciaram uma ofensiva em Champagne que duraria até março. A ofensiva em Champagne foi suprimida pelos alemães, que detinham linhas defensivas pelo solidificadas pelo uso superior das metralhadoras. No final de março, os ingleses liderados por John French iniciaram sua ofensiva no setor de Artois. O método utilizado foi em parte inspirado pelos alemães, que tinham operado um contra-ataque em Soissons através do general Hans Von Seeckt – ele tinha feito um ataque coordenado com uso de infantaria após forte “barragem” do fogo de artilharia.
A ideia do general inglês Haig em Neuve Chapelle foi implementar o reconhecimento aéreo e uma forte barragem de artilharia, utilizando 130kg de munição por metro quadrado. Após 35 minutos de intenso bombardeio, os britânicos avançaram, porém um contra-ataque alemão realizado dois dias depois praticamente os recolocaram a sua posição de origem.
O uso do Gás
O general Falkenhayn planejou apenas uma ofensiva no ocidente durante a primeira metade de 1915. Com mais homens se destinando ao Leste para lutar contra os russos, Falkenhayn promoveu o terror do uso do gás em Ypres, na batalha entre 22 de abril e 25 de maio. Os alemães queriam testar o uso do Gás Cloro, para surpreender os alemães contra os russos. O primeiro experimento alemão com gás foi na Batalha de Bolimów na Polônia, porém o uso de gás lacrimogêneo no bombardeio a região não foi tão efetivo, o brometo xílico (gás lacrimogêneo) era mais leve do que o ar e logo se dispersou. Porém, em Ypres, o Gás de Cloro, desenvolvido pelo ganhador do nobel, o alemão Fritz Haber, produzia nuvens de gás mais pesadas do que o ar, e elas foram utilizadas em 22 de abril, quando os alemães lançaram 168 toneladas de gás contra as posições britânicas (havia canadenses indianos e norte-africanos do exército francês). O resultado nos 6km de trincheiras atingidos foi a morte de seis mil homens em apenas dez minutos, além da incapacitação dos demais, nascia o “pânico cego” um dos efeitos que o gás trazia. As ofensivas alemãs com uso do gás foram efetivas, em maio eles haviam dominado a saliência de Passchendaele. Na segunda metade de 1915 os dois exércitos usariam o Gás de Cloro de forma ampla, já que os franceses vão convocar seu próprio químico ganhador do Nobel, Victor Grignardi.
Em setembro do mesmo ano, na Batalha de Loos, os britânicos usaram o gás cloro pela primeira vez, causando 600 mortes alemãs instantaneamente. Apesar disso, a falta de uma estratégia de tomada de posição coordenada permitia sempre a reorganização alemã numa segunda posição e seu contra-ataque. Em Loos, nós temos 50 mil baixas britânicas e em outubro não havia sequer um ganho para o lado inglês. Aliás, as ofensivas britânicas e francesas em Champagne e Artois no segundo semestre de 1915 não tiveram saldo positivo, em parte, a resistência das trincheiras alemãs e a falta de artilharia pesada para as estratégias de carga de artilharia combinadas com a infantaria prejudicaram as ações no ocidente.
As Trincheiras
O ano de 1915 vai consolidar uma espécie de “padrão” no uso das trincheiras, claro, que sempre havia variações locais, mas mantendo algumas estruturas, como a manutenção de ao menos três linhas de trincheiras. A distância entre estas linhas e a sua largura que variavam bastante. As linhas de comunicação eram escavadas em ângulo reto, para facilitar a movimentação para a frente ou para trás sem expor o soldado ao fogo inimigo. Estas trincheiras de “conexão” poderiam ter bunkers ou abrigos espalhados e deveriam ser rota segura para a chegada de suprimentos ou homens.
Já as trincheiras de “fogo” eram divididas em três (frente, apoio e reserva) e não ficavam em linha reta e sim em zigue-zague, para facilitar a defesa, atrapalhando as “barragens” de artilharia e caso fossem invadidas, não haveria como atacar lateralmente sem sofrer uma resistência, devido ao ângulo defensivo. Havia o uso de parapeitos para evitar as ondas de choque e oferecer proteção aos ataques de artilharia. As trincheiras também possuíam “bolsões” de metralhadoras que evitavam o avanço da artilharia.
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